domingo, 25 de diciembre de 2016

O monte é nosso (Llorenç Soler, 1978)

Este vídeo relata a história da luta das pessoas do rural galego polo direito ao monte, que historicamente sempre foi de propriedade comunal, onde as pessoas iam buscar lenha, colocavam os animais para pastar e coletavam produtos alimentícios naturais, como a castanha ou as landras.
Desde o início das "revoluções" liberais do século XIX, as propriedades comunitárias foram expropriadas polo Estado e durante o franquismo os montes foram dedicados para as plantações de pinheiro e eucalipto, substituindo árvores fundamentais para alimentação, aquecimento e fertilização das terras agrícolas e acabando com as áreas de pastagem, além de terem as consequências naturais trágicas que já conhecemos: calcinação e esterelização da terra, esgotamento das fontes de água, e a alta propagação de incêndio. As consequências sociais também foram desastrosas: as populações rurais não tendo mais como sobreviver no campo, viram-se forçadas em grande número ao êxodo para as cidades e à emigração ao exterior.
Para além de servir como fonte de matéria prima para as indústrias contaminantes de celulose de propriedade estatal, os montes e vales de propriedade comunal também se tornaram estéreis explorações mineiras, campo de treinamento do exército, conjuntos habitacionais de ricos, etc.
Para legitimar-se politicamente, a ditadura franquista impôs uma organização política municipal, os "axuntamentos", tirando de cena os tradicionais "concelhos abertos" paroquiais e de aldeia, onde as pessoas se reuniam para decidirem em democracia direta sobre as suas comunidades. E também, como os montes eram comunais, não havia escrituras que determinassem a sua propriedade, o que facilitava a sua apropriação polo Estado a fim de torná-las propriedades "públicas" (estatais) ou privadas (particulares).
O filme é de 1978, três anos depois da morte de Franco, e dura quase trinta minutos. É muito bom para entender esse aspecto da questão agrária na Galiza.



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